Falta de técnicos provoca aumento de casos de violência nas maternidades







O Observatório do Cidadão para Saúde (OCS) diz que a falta de profissionais qualificados na área da saúde materna e infantil é uma das principais causas do elevado índice de casos de violência nas maternidades.

“Subi na cama e comecei a fazer pressão para que o bebe saísse sozinho, então, gritei toda noite de tanta dor” – um relato que, de acordo com o Observatório do Cidadão para Saúde, tem estado a multiplicar-se cada vez mais no país.

Júlia Manjate, nome fictício, teve de entrar em trabalho de parto porque a enfermeira não a podia atender.“A enfermeira simplesmente foi à sala, levou as suas mantas e foi dormir sem prestar qualquer ajuda”, lamentou.

Para o Observatório do Cidadão para Saúde, já não é novidade receber denúncias deste género, o maior problema é que, nos últimos tempos, tem sido com maior frequência.

“Assiste-se a um índice elevado de violação obstétrica nas maternidades dos hospitais, significa que todos o investimento na área de humanização de serviços não está a surtir efeitos e isto pode ser um indicador de que o nível de preparação do pessoal de saúde em particular nas maternidades não está a responder às necessidades da mulher, isto tem a ver também com a sobrecarga de trabalho, mas também há maior parte das maternidades que não estão em condições de trabalhos, falta luz, janelas, há poucos kits de parto”, explicou o director-executivo do Observatório do Cidadão para Saúde, Jorge Matine.

Matine diz ainda que, apesar dos últimos avanços no Sistema Nacional de Saúde, ainda há províncias com números baixos no rácio médico-paciente.

“O nosso rácio médico-cidadão é maior se comparado aos países da região onde um médico está para cerca de 1000 pacientes, e a distribuição não é equitativa. Por exemplo, a província de Maputo está em melhores condições que as de Nampula e Zambézia que são as mais populosas e os números são mais gritantes”, lamentou.

São problemas que o Ministério da Saúde conhece e defende a necessidade de coordenação com as demais organizações da sociedade civil.

“Reconhecemos que o país enfrenta, na área da saúde, diversos desafios, como a distribuição de medicamentos, a equidade dos profissionais nas unidades sanitárias, por isso estamos à procura do valor acrescentado das organizações da sociedade civil, que significa trazer investimento para saúde, ou seja, mobilizarmos mais recursos para a área da saúde e temos também de olhar para outros aspectos”, explicou o chefe do Departamento da Planificação do Ministério da Saúde, Daniel Simone.

As intervenções foram feitas, esta terça-feira, no encontro que junta diversas organizações da sociedade civil para uma reflexão sobre o seu papel na Implementação da Estratégia Nacional de Saúde, que decorre nos dias 25 e 26 do corrente mês, na Cidade de Maputo.